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Uma curva epidémica é uma representação visual do início de uma doença e da distribuição temporal dos casos associados a um surto. No eixo horizontal x é representada a data ou hora do início da doença entre os casos. No eixo vertical y é representado o número de casos identificados. Uma curva epidémica permite analisar a magnitude e a tendência temporal do surto. O, tão falado, pico do surto corresponde ao período em que ocorreu o maior número de casos e só pode ser identificado no final do surto. Deixo aqui a curva epidémica, com registo diário, à data de hoje de Covid-19 em Portugal. O pico do surto, até ao momento, ocorreu a 10 de Abril com o registo de 1516 casos.
Concordo que o pico só é possível identificar no final do surto, confirmando a célebre frase “prognósticos só no fim do jogo”; mas devemos interpretar os gráficos com base em todo o conhecimento que temos e não apenas descrever o gráfico. Sabemos que os casos confirmados se baseiam em resultados de testes efetuados, vemos no próprio gráfico a grande variabilidade diária que não é atribuível à variabilidade da infeção ou disseminação natural da doença mas sim ao funcionamento do sistema, desde o pedido do médico, à marcação e realização do teste, até ao registo do resultado positivo no sistema informático (todos estes passos sujeitos a múltiplos enviesamentos). Olhando para a totalidade do gráfico, e até pensando nas medidas de diminuição da mobilidade das pessoas no geral, diria que há um pico de registos positivos 31 de março, que provavelmente corresponde a colheitas efetuadas no(s) dia(s) anterior(es) e que o valor de 10 de abril se deveu ao mau funcionamento do sistema e não a uma atividade fora do normal da infeção viral. Assim, permite-me afirmar que o pico da COVID-19 (doença, não resultados positivos de testes) ocorreu muito provavelmente a 29 ou 30 de março, até ao momento! Abraço
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Para tentarmos perceber onde foi o pico, se é que isso interessa mesmo neste momento, lanço mais alguns dados, nomeadamente o número de doentes internados em UCI com um pico de 271 a 7/4 e se olharmos para os internamentos totais o pico foi 1.302 a 16 de abril – interessante se considerarmos o pico de confirmados (resultados positivos) a 10 de abril, tendo em conta que a maior gravidade dos sintomas surge mais frequentemente entre o 5º e o 10º dias.
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